É que o Muaythai muda as pessoas

É que o Muaythai muda as pessoas

05/09/2016 1 Por Nathalia Viana

Salve rapaziada, vamos iniciar uma seção nova no Yoksutai, onde algumas pessoas escreverão sobre assuntos diversos ligados ao muaythai, e nossa primeira colunista é uma mulher. 

A Nathalia Viana é uma analista financeira que descobriu o muaythai a pouco tempo, mas parece que o bichinho já mordeu a moça. Não a conheço pessoalmente, mas mês passado me deparei com um ótimo texto dela no facebook.

Lembro que foi mais ou menos o que aconteceu comigo. Estava no meio da faculdade, tinha um bom trabalho, comecei a treinar por diversão, e olha onde isso foi parar… A brincadeira ficou séria, mudou minha vida, e no final ela tem razão, o muaythai realmente muda as pessoas.

Se de onde saiu esse texto tiver mais (Nathalia me garantiu que sim), todos vamos ganhar muito com sua participação, portanto, seja bem-vinda ao time Yoksutai. E se por acaso você não leu o tal texto, segue o dito cujo.

Leo “Amendoim” Monteiro
Yoksutai

 

É que o Muaythai muda as pessoas…

Só quem foi contaminado por essa compulsão é capaz de entender… Como pode algo que cansa tanto (cansa não, te exaure mesmo), machuca tanto e te pressiona tanto ser tão viciante?

Começa com pequenas mudanças… Seu ego infla, você começa a perceber que até que é bom nisso (vixe, sabe nada ainda), depois vem as mudanças no corpo e a vaidade aumenta, você está gostando mesmo disso. Aí você começa a se empenhar de verdade e os músculos começam a ficar cheios de hematomas. Será que ainda está bonito? Ah, quem liga?

Você se sente cada vez mais cansado, e vai dormir cada vez mais tarde, mas vale a pena. O treino foi top hoje!

Deixa eu dar uma olhada aqui no face… Que meme, fotinha o quê, tô procurando aquele videozinho do Saenchai que fulaninho postou. Putz… Já foi o horário do almoço, fiquei vendo luta e esqueci de pagar aquela conta…

Happy hour na sexta? Então, foi mal, mas é que eu tenho treinão no sábado cedinho, e é mó rolê…

Sábado à noite? Não, não dá, tem evento… Mas a gente marca (já perdeu um “amigo”)!

Seguir celebridade no face não inclui mais atriz da Globo, agora só uns monstros que você escobre a cada evento que frequenta. O linguajar também muda: agora alguém que você admira é “bruto”, “zica”… Aquela vaidade de quando começou a ficar fortinho já era, você só corta as unhas para não machucar ninguém no clinch e está sempre cheirosinho quando chega no treino. Isso já é o suficiente, afinal, quem tem tempo para cuidar de beleza? Você só olha no espelho mesmo para procurar os novos hematomas…

E a dieta? Cara, a dieta… Os chocolates que você não comeu, a brejas que não tomou… A galera vai no japonês, no Outback, na pizzaria, na esquina. Não posso. Você começa a comer olhando o prato do outro. Ou pior, o copo d’água do outro.

Mas o principal é o caráter, porque é aí que está a grande mudança. A humildade para admitir que você não sabe fazer algo. A serenidade para escutar as orientações do seu treinador. O respeito para não machucar o colega menor. A paciência para ensinar quem está começando. A determinação para não parar quando você não consegue sentir mais nada além da dor. A perseverança para repetir 300 vezes o mesmo movimento até ele sair certo. O controle para segurar a raiva quando algo não dá certo. A fé para acreditar na vitória. O coração maior que tudo para não parar. Não parar nunca. Não desistir nunca.

Você só respira fundo e volta para a luta. Para a luta do ringue, ou para a luta da vida. VOCÊ NÃO VAI CAIR.

Aí aquele Zé te pergunta como é que pode gostar de uma coisa tão violenta… Então, é que o Muaythai muda as pessoas.

Sawadee Kaa.

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