Opinião | O que deve mudar após pandemia?
09/04/2020O ano não começou bem. Por sinal, terminou mal com todas as notícias da China, da epidemia de COVID19 que fechou e confinou a cidade inteira de Wuhan.
“Tudo bem, é lá na China, do outro lado do mundo, não vai chegar aqui”.
Ouvi muita gente falando coisas desse tipo. Só esqueceram que hoje em dia tudo vem da China. Por mais nacionalista que seja, algum produto ou alguma parte do processo é made in China. Seu celular, roupas, eletrodomésticos, computador, carro, onibus, boa parte nossa industria depende de insumos chineses.
Como boa parte do que o mundo consome vem de lá, uma hora refletiria aqui. Não só chegou como nos mostrou o quão dependente o mundo é da economia chinesa.
Última vez que o planeta passou por algo próximo foi durante a 1ª Guerra Mundial com gripe espanhola. Estudos apontam que a pandemia de influenza, ou H1N1, em 1918, matou de 25 a 39 milhões de pessoas.
Que fique bem claro, não tenho nenhuma formação na área biologica, vou apenas soltar meus 2 centavos sobre o como isso vai refletir muaythai e no modo como consumimos esporte.
Estamos confinados em casa. Não podemos visitar nossos familiares, sem eventos, sem assistir lutas ao vivo, sem sparrings, sem lazer. O dolar está a mais de R$5, tudo fica mais caro.
Muitos são professores, autônomos e freelancers que estão sem renda nenhuma (veja como receber auxilio emergencial do governo). Pior que além da renda, ficamos sem ter como praticar seu esporte, sem ter como assistir uma luta.
A solução simplista diria que é só organizar um evento e transmitir online. Vejo como uma solução possível, mas ainda assim perigosa. Em 2017 organizamos o Torneio Yoksutai que foi todo transmitido online. Um evento pequeno com apenas 4 lutas. Só entravam os lutadores, seus corners e ainda assim tivemos mais de 30 pessoas no ambiente. Mesmo sem a plateia, o público pagante, temos toda uma equipe nos bastidores: câmeras, fotografos, reporteres, corners, juízes, staff, enfermeiros.
Esportes ao vivo online são mais que uma tendência. Hoje temos uma infinidade de “Netflix” esportivos como a DAZN. A empresa fechou um contrato de US$365 milhões – quase 2 bilhões de reais – por 10 lutas ou 5 anos, com o boxeador mexicano Canelo Alvarez. Além desse contrato com a Golden Boy Promotions, eles ainda transmitem Bellator, Premiere League, Glory Kickboxing, tenis entre outros. O acesso custa R$20 por mês, menos que um ingresso para qualquer evento.
Vamos supor que o brasileiro decida pagar por um payperview, ou de repende arrisque assinar um serviço de streaming esportivo. Já é realidade no exterior onde tudo é pago via cartão de crédito, celular ou débito na fatura de telefone. Porém, boa parte por aqui não tem cartão de crédito ou acessa serviços financeiros para pagamentos online.
O cenário perfeito seria as empresas injetando dinheiro em propaganda, disponibilizando tudo de graça e ao vivo no YouTube. Contudo o muaythai não consegue se organizar e não vai acontecer agora, logo, qual seria a melhor solução? Eventos pequenos por payperview, assinar um serviço de streaming mensal para agregar todas as lutas num lugar só, ou será que as pessoas vão voltar rápido e sem medo para os estádios e ginásios?