A regra do jogo: arbitragem e pontuação | parte 2: FEPLAM

A regra do jogo: arbitragem e pontuação | parte 2: FEPLAM

31/01/2017 3 Por Nathalia Viana

Na última postagem da coluna, foi publicada a primeira entrevista da série sobre arbitragem e pontuação no Muaythai, com Alex Cobra, presidente da AMTI. Essa semana retomamos o tema com a entrevista de Ivam Batista, presidente da arbitragem da Feplam.

Yoksutai – Primeiramente, fale brevemente do grupo de arbitragem da Feplam.

Ivam Batista – Feplam é a entidade que mais investe no muaythay brasileiro. Há mais de uma década — período no qual estive à frente da arbitragem — trabalha no Estado de São Paulo valorizando os atletas de maneira digna e, sempre que possível, ministrando cursos de arbitragem e estudando para atualizar seus integrantes.

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Yoksutai – Há diferenças entre os critérios de avaliação de uma luta profissional e uma luta amadora?

Ivam Batista – Não, a diferença é o tempo do round (2 minutos amador e 3 profissional), além do uso de equipamento de proteção como cotoveleiras, e capacete no caso de menores de idade.  

 

Yoksutai – Quais são os critérios para avaliar uma luta?

Ivam Batista – Força, equilíbrio e volume.

 

Yoksutai –  Entre os critérios, há uma ordem de relevância?

Ivam Batista – Sempre vai prevalecer a força, porém, se um atleta for mais técnico e utilizar mais golpes de muaythai acertando seu adversário, ele pode sim ganhar a luta. 

 

Yoksutai – Há realmente golpes que valham mais ou o que conta é o golpe que machuca? Se houver, qual é a ordem de pontuação dos golpes?

Ivam Batista – A força prevalece sempre, então quem machuca mais está na frente, porém, se um lutador der um soco forte e receber um chute forte de volta, quem deu o chute estará na frente.

 

Yoksutai – É possível notar que a atuação de cada árbitro é diferente. Como essa atuação interfere na avaliação da luta?

Ivam Batista – Na Feplam, trabalhamos para que os árbitros atuem na mesma linha, pois há um só muaythai. Estudamos para interferir na hora certa, mas se os lutadores se agarram e o árbitro percebe que não dará em nada, ele separa imediatamente. Também conta a experiência do árbitro, estar bem posicionado para não interferir no desempenho do atleta e no resultado da luta, sempre preservando sua integridade.

 

Yoksutai – Quais são os critérios para se abrir contagem?

Ivam Batista – Quando o lutador acusa um golpe e perde o equilíbrio, imediatamente é aberta a contagem protetora. Ou quando o lutador cai no chão e demora para levantar, ou cospe o protetor bucal.

 

Yoksutai – Quais são os critérios para se aplicar nocaute técnico?

Ivam Batista – Quando se abre a contagem protetora e o lutador não volta para a luta.

 

Yoksutai – Que golpes são considerados ilegais?

Ivam Batista – Na Feplam, temos um estatuto que diferencia algumas regras da WMC com o intuito de preservar a integridade física do atleta, mas em geral são detalhes, como chutes na genital (no Brasil poucos atletas usam coquilha de aço) e golpes atrás da linha da orelha (nuca). Além disso, joelhada na genital, chutar o lutador com 3 apoios ou mais, e as questões disciplinares (cuspir, xingar, etc).

 

Yoksutai –  O que é necessário para que uma luta seja considerada empate? Há critérios de desempate?

Ivam Batista – Quando a luta é muito parelha e os lutadores travam uma batalha onde usam de força, volume e clinche parecidos, os juízes buscam critérios de desempate, mas, muitas vezes optam pelo empate.

 

Yoksutai – Como funciona o julgamento dos rounds?

Ivam Batista – As lutas são julgadas round a round, mas na maioria das vezes os lutadores apenas estudam seus adversários no primeiro round. Há aqueles que vêm para acabar a luta no primeiro round e abrem 5 a 10 por cento de vantagem, o que pesa mais na frente.

Geralmente o terceiro e quarto round são os mais importantes, quem ganha esses dois rounds geralmente ganha a luta e apenas administra o quinto round, mas tudo pode acontecer em um round, por isso, é importante conhecer a regra para não morrer na praia.

 

Yoksutai –  Golpes “bonitos”, como giratórios, valem mais?

Ivam Batista – Se nocautear sim [risos].

 

Yoksutai – Quando é identificado que houve um houve um erro em uma luta, como proceder?

Ivam Batista – Somos passíveis de erro. Quando nós da Feplam erramos, debatemos, estudamos o vídeo várias vezes para descobrir onde erramos, e até comunicamos a equipe prejudicada, mas não há o que fazer. Se houver um erro grotesco, avalia-se se é o caso de dar um no contest.

 

Yoksutai – Caso um dos lados discorde do resultado atribuído à luta, o que fazer?

Ivam Batista – Debater com educação nos bastidores, mas não há o que fazer na maioria das vezes, nenhum árbitro erra propositalmente.

 

Yoksutai – É muito comum ver pessoas discordando do resultado das lutas. Na sua opinião, por que isso acontece e como pode ser resolvido?

Ivam Batista – Os juízes e árbitros estudam muito para não errar. Há quem se julgue conhecedor do muaythai sem nunca ter feito um curso ou participar de reuniões. Muitos técnicos se acham na internet, mas não têm coragem de pagar 100/150 reais para fazer um curso e aprender, mas ficam apenas criticando aqueles que se doam pelo esporte. Os técnicos e lutadores precisam estudar mais e saber o que fazer e como se comportar no ringue para ganhar uma luta.

 

O que você achou da entrevista? Conseguiu tirar alguma dúvida? Conta para a gente aqui nos comentários! E acompanhe a coluna para não perder a última postagem da série sobre pontuação e arbitragem, com a entrevista do Sandro de Castro, da Escola Kamankan Brasil.