Atletas, marketing digital e antagonismo nas redes sociais

Atletas, marketing digital e antagonismo nas redes sociais

03/10/2017 0 Por Nathalia Viana

Quem nunca postou algo de que se arrependeu nas redes sociais que atire a primeira pedra. Se você parar para analisar, o surgimento delas aliado ao nascimento do smartphone alterou completamente a forma das pessoas se relacionarem entre si e com o mundo. E se há males que vêm para o bem (ou talvez nesse caso esteja mais para o contrário), além de possibilitar uma maior difusão de informações sobre o esporte, principalmente Facebook, Instagram e Youtube permitem acompanhar de perto os grandes nomes do esporte.

Aprendizado ou tietagem, seja qual foi o motivo que te levou a adicionar atletas como Adaylton Freitas, Cosmo Alexandre, Tainara Lisboa e mais uma série de grandes lutadores e treinadores, o fato é: quem se destaca no muaythai acaba ganhando status de “celebridade” entre os praticantes. Não importa se você só queria ver aquele ao vivo do treino, o pacote das redes sociais trará também fotos dos animais de estimação, da família, do prato do almoço, reclamações sobre a operadora de celular e suas visões de mundo, inclusive políticas.

Para o bem ou para o mal, atletas e treinadores ganham muita visibilidade, e suas ações e opiniões influenciam sim muita gente, seja sobre muaythai, política, arte ou o que quer que seja. Além de termos praticantes muito novos, que ainda não têm suas próprias opiniões totalmente formadas, há ainda outro fator que deveria (mas aparentemente não acontece) te fazer pensar duas vezes antes de apertar o botão publicar: patrocinadores.

Quando em um momento de frustração um lutador diz para a rede toda ler que foi roubado, isso tem consequências. Quando alguém questiona a idoneidade de uma organização do esporte, isso tem consequências. Quando se questiona a aptidão de alguém em ensinar o que sabe sobre muaythai, isso tem consequências. Em muitos casos, questionamentos precisam realmente ser feitos, mas é preciso lembrar que algumas acusações feitas em tom jocoso em rede social podem afetar seriamente a vida de alguém.

Na última semana, lendo alguns comentários sobre a última polêmica escolhida para reinar nas redes sociais, me deparei com alguém que dizia que uma determinada pessoa estava perdendo a credibilidade entre todos do meio devido a seus posts. O tema não era muaythai. Em primeiro momento me pareceu muito impactante ler isso, afinal, a sua visão de mundo não influencia o tipo de lutador que você é. E nem deveria. Mas pensando mais sobre o tema, embora naquele caso específico eu discordasse totalmente de quem levantou esse ponto, não posso discordar.

Quantas vezes você teve vontade de deixar de seguir alguém porque suas visões eram muito destoantes da sua? A mão chega a tremer ao pensar em bloquear o fulano. O fato é que nós todos não somos políticos e não temos uma assessoria de imprensa que nos questiona se é aquilo mesmo que queremos antes de postar algo. Temos opiniões polêmicas e contraditórias sobre inúmeras coisas e faz parte das redes sociais querermos gritar aos quatro cantos as nossas opiniões (mesmo que elas não tenham sido solicitadas). Mas você já parou para pensar no que um patrocinador pensa ao explorar a sua linha do tempo?

O que mais reclamamos sobre o muaythai é a falta de investimentos, não temos estrutura para fazer o esporte deslanchar sozinhos, e não atraímos o suficiente a visão de investidores. E como poderíamos? Se estamos constantemente envolvidos em brigas justamente com aqueles para quem venderíamos os produtos do patrocinador?

Não é que de repente todo mundo tenha que parar de opinar sobre o que acredita nas mídias, mas como pessoas que têm certa visibilidade, vale lembrar que não é apenas a sua qualidade dentro dos ringues que está sendo observada. Por outro lado, como alguém que tem essa visibilidade, também é importante se posicionar sobre temas relevantes, e ninguém precisa mudar suas convicções para agradar patrocinador ou quem quer que seja, mas avalie bem a forma como você faz isso e não falte com respeito com ninguém por divergências bobas. Um possível patrocinador não precisa concordar com você, mas não vai te patrocinar se a forma como você expressa isso for ofensiva. No fim das contas, um pouco de bom senso e civilidade não faz mal a ninguém.

Por @Natalia Viana