Bons vs Bravos

Bons vs Bravos

24/01/2017 0 Por Leo Monteiro

Cada dia que passa me surpreendo quão jovens são os novos talentos brasileiros. A renovação vem chegando rápido. Durante o fatídico 2016 – que enfim acabou –  as melhores lutas que assistimos foram os iniciantes e juvenis.

Só esclarecendo, me recuso a usar o termo “amador” para lutas com cotoveleiras, que por sinal tem sido muito, mas muito melhores que as “profissionais”. Não sei se porque os mais jovens estão apenas preocupados em se divertir e são mais inconsequentes, ou se alguns dos medalhões estão apenas preocupados em pontuar e tentar vencer.

Formar um lutador requer alguns fatores, e o mais importante é o coração. Lutador frouxo não rola. Carlson Gracie os chamava de “galo corrido”. 

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Depois vem a técnica, condicionamento e agressividade. Não adianta esperar que um lutador técnico seja agressivo, mas que tenha pelo menos condicionamento e um pouco de força. Do mesmo jeito que o lutar não pode ser só agressivo, precisa de um pouco de técnica e condicionamento.

Lembro que assisti boa parte do último Thai Kids, e foi melhor que muitos Portuários ou eventos da FEPLAM só com profissionais. Tanto nas preliminares quanto no card principal, a molecada está representando. A cada evento aparece um bom nome, o último foi o Murilo Navarro de 14 anos, e sabe-se lá como, tem menos de 1 ano de treino. Eu com 14 anos nem luta treinava, e com um ano de treino estava aprendendo a ter coordenação com a mão esquerda.

Gosto do cara bom, que chuta bonito, inteligente, mas também gosto ver o cara que chuta todo torto e machuca. O bravo que vem querendo arrancar sua cabeça fora. 

Alguns comentam que o Mairon é só força, ou que Wagner Victor é só condicionamento, mas o problema é outro. Ninguém consegue lidar com a agressividade fora do normal, e é isso o que acontece com os novos lutadores. Quase todos são agressivos, cada vez mais dispostos a matar ou morrer.

Está faltando passo para frente, a boa e velha violência. Não me entendam mal, mas muaythai no final do dia são dois caras querendo se machucar. Ninguém precisa se odiar, não é pessoal, mas lá em cima é murro. Pode rolar um pouco de partida de xadrez, mas não por 15 min. Depois da briga saímos juntos para tomar um açaí e dar risada sobre o que aconteceu. É tudo temporário, já dizia meu treinador.

Na Tailândia tem a expressão “muay mahachon”, o lutador do povo. É aquele cara que lota o estádio, que todo mundo paga ingresso para assistir. Hoje em dia os principais são Saeksan e Tanonchai. Não são tão bons mas são os bravos, e ganhando ou perdendo sempre têm apoio da torcida. Se fosse no Brasil, quem seriam esses caras?