ESPECIAL Treino para gestantes | Parte 1

ESPECIAL Treino para gestantes | Parte 1

07/03/2018 1 Por Nathalia Viana

Quantas histórias você já ouviu de mulheres que deixaram de treinar muaythai por engravidar? Mas será que não é possível manter os treinos durante esse período? Pensando nisso, começamos hoje uma série sobre treino para gestantes. Na primeira matéria, que você acompanha abaixo, você vai conhecer a história de uma atleta que descobriu ter lutado grávida.

A LUTADORA

Quando Karina de Oliveira, 29 anos, abriu os olhos no vestiário do Clube Pelezão, tudo pareceu fora do lugar. Faltava menos de uma hora para ela entrar no ringue, mas a descarga de adrenalina tão familiar para mais uma luta de sua carreira já não lhe fazia companhia. Seria a sua nona luta como profissional, e aquela era uma cena bastante familiar para a lutadora, mas quando Karina Kamikaze acordou do sono profundo em que caíra entre as sessões de aquecimento pré-luta, parecia nem se lembrar do que estava fazendo ali.

Deveria ser apenas mais um dia de trabalho. A lutadora já vinha se preparando há várias semanas para aquele embate, mas diferente de tantas outras vezes, seu corpo não estava respondendo como ela esperava. Durante sua preparação, ela se sentiu muito mais cansada em treinos com a capa, mas foi só quando chegou o momento do corte de peso que a sensação de que havia alguma coisa errada resolveu não a abandonar.

“Eu tinha uma semana para perder seis quilos, estava fazendo tudo certo mas o peso não baixava…”

Ela conta que chegar àqueles 60 quilos foi bem mais difícil do que o normal, e ela ainda sentia tontura, ânsia e uma fome violenta. No dia anterior à pesagem, restavam quase dois quilos que pareciam impossíveis de tirar, mesmo depois de ter apelado para todas as formas possíveis. Foi então que ela parou de se alimentar.

“Eu não dormi a noite anterior da luta. Já estava há um dia e meio sem água e sem comer praticamente nada”.

Quando subiu no ringue, a mente de Karina já estava de volta, ela se sentia confiante e sabia que pertencia àquele lugar, mas seu corpo novamente não respondia como ela esperava.

Kamikaze enfrentava Bruna Ramires na primeira edição do Epic Muay Thai Brasil 2017, e em uma luta de quatro rounds na qual predominavam socos potentes e clinche, sentia uma falta de ar sufocante e uma fadiga descomunal. No fim do terceiro round e depois de dois knockdowns, ela já não sabia como continuar, e quando seu corner lhe disse que ela estava perdendo a luta, ela sabia que quando o gongo soasse, ela teria que usar tudo que tinha.

Agora era a hora. Sem pensar em nada, Karina avançou e foi para o tudo ou nada. Mesmo não saindo vitoriosa, depois da luta estava tão feliz com a guerra que tinham travado naquele grande evento, que nem as fortes cólicas que teve abalaram sua confiança.

Foi só na semana seguinte, quando desmaiou ao subir uma escada que Karina ouviu aquele clique e percebeu o que podia estar acontecendo.

“Nesse momento percebi que poderia estar grávida e passou um filme na minha cabeça. Bateu desespero, medo e na mesma hora fui fazer o teste e deu positivo!” Ela estava esperando Katarina há dois meses.

Hoje Karina percebe o risco que ela e sua bebê correram. Ela seguiu com os treinos até os quatro meses de gestação, quando passou a sentir dores fortes na região abdominal e, por orientação médica, interrompeu os treinos.

“Eu me senti muito forte esse dia, mesmo com todas as limitações. É como se Deus estivesse guardando minha bebê dentro de mim… Quando a luta terminou, eu e a Bruna nos demos um abraço como eu nunca dei em nenhuma adversária. Foi uma luta muito especial para mim porque Deus guardou minha filha ”.

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