Eu vi em 2016

Eu vi em 2016

20/12/2016 0 Por Nathalia Viana

Nesse final de semana se encerrou a temporada de eventos de 2016 no Brasil, com o Fight For Honor II, que consagrou Nicolas Cabronho campeão do GP 63 kg, e a premiação dos melhores do ano pelo Yoksutai. E, sem dúvidas, foi um ótimo ano para o muaythai brasileiro. E, embora eu não tenha tanto tempo no esporte, posso dizer que vi muita coisa boa e nova acontecer.

Logo no início de 2016, vimos a inauguração do Portuários Stadium — o primeiro estádio de muaythai do Brasil, localizado em Santos-SP. Sua abertura possibilitou uma programação de lutas quinzenal e um calendário mais amplo de eventos.

E por sinal, outro grande passo deste ano foi o surgimento de diversos novos eventos, como o Fight For Honor (com duas edições), o Unity Championship e o Heart of Fighters (três edições). Também no início do ano, tivemos a primeira edição do Epic, organizado por Ivam Batista da Steel Team, que classificou Julio Lobo para a final após uma verdadeira guerra com Julio Maximus. A edição final do evento trouxe três lutas espetaculares na final do GP 65 kg com a vitória de Wagner Victor, ganhador do prêmio de R$10.000,00. A edição de 2017 já está sendo anunciada, e dessa vez o melhor 57 kg levará R$15.000,00.

O Nak Chuek também marcou o ano, e pudemos ver lutas com cordas pela primeira vez no país, com os embates entre Rodrigo “Negão” vs Arnaldo “Moska” no 67Kg, e Jonathan Ferreira vs Felipe Lobo no 63,5Kg.

Para as mulheres o ano também foi de conquistas. Além do GP 50 kg do Sip Sam Dek — vamos combinar que não há muitos GPs femininos —, que teve Allycia Hellen vencendo Ana Valente em uma verdadeira guerra na final, ainda tivemos a criação de dois novos eventos exclusivamente femininos, o Supergirls e o Sip Sam Rosa. Esse fator contribuiu muito para que tivéssemos um grande número de estreias femininas em 2016 (inclusive a minha), ampliando significativamente o número de atletas, e trazendo cada vez mais lutas femininas de qualidade. Vamos torcer para que essa crescente continue em 2017.

Por falar em estreias, o próprio muaythai fez uma estreia importantíssima nesse ano: foi transmitido na TV em rede nacional. O EFN trouxe lutas de MMA, muaythai e kickboxing e consagrou William Silva campeão do GP 72,5 kg e garantiu vaga no King’s Cup na Tailândia no próximo ano. Também vimos que a transmissão não foi perfeita, mas o importante é que os atletas de muaythai deram um verdadeiro espetáculo!

Vimos ainda mais um grupo de arbitragem surgir em nosso cenário. A Escola Kamankan Brasil, de Sandro de Castro, já vem atuando e contribuindo para que os eventos nacionais ocorram dentro das regras do muaythai tradicional.

E já que tocamos no assunto, sim, vimos erros de arbitragem e inúmeras polêmicas e questionamentos em torno do tema esse ano. Mas o mais importante foi que vimos erros serem reconhecidos e, ainda mais importante, serem corrigidos. Não vamos nos enganar, em 2017 haverá mais erros, pois a arbitragem é feita por pessoas, e há erros em todos os esportes, por que não no muaythai? Mas também haverá ainda mais informação disponível, e há cada vez mais esforços para que o esporte praticado aqui esteja o mais próximo possível do que é praticado na Tailândia. Prova disso foi a parceria firmada entre a AMTI e Thanong Poompanich para a criação de quadro profissional de arbitragem no Brasil, com certificado e carteira de árbitro profissional reconhecida pelo Lumpinee Stadium, que ocorrerá no próximo ano.

Vimos ainda algumas lutas internacionais rolarem por aqui, mas é claro que ver um tailandês lutar de pertinho teve um gosto especial. Nuch e New Thongrop Petchalugam vieram para o Brasil   para uma temporada de seminários e Thongrop aproveitou para fazer duas lutas contra os brasileiros David e Espirro. Tive a oportunidade de assistir o segundo combate pessoalmente, e não dá para negar que o menino é um showman.

E se o tailandês fez sucesso por aqui, nossos brasileiros também fizeram sucesso por lá. Jos Mendonça voltou aos ringues e deu um show em seu último embate no aniversário do rei, quando Carlos Formiga e José Neto também lutaram. Mas quem veio com tudo mesmo esse ano foi o Julio Lobo, que fechou contrato com o Thai Fight e agora se prepara para enfrentar Saenchai no próximo final de semana.

O muaythai no Brasil ainda precisa de muito investimento, ainda acontecem muitos erros, nós ainda não temos público e estrutura como desejamos, mas em apenas um ano tivemos grandes realizações e, com certeza, em 2017 teremos ainda mais.