O que você já fez pelo Muaythai?

O que você já fez pelo Muaythai?

29/11/2016 0 Por Nathalia Viana

Eu já ouvi centenas de histórias diferentes sobre como o muaythai transformou de alguma forma a vida de alguém. Você com certeza também já ouviu. Como pessoas perderam uma quantidade insana de peso, como deixaram de ser sedentárias e viraram atletas, como tirou jovens das ruas e de um futuro incerto… Mas o que você já fez pelo muaythai? O que você realmente já fez para mudar a realidade desse esporte que você ama tanto?

Basta imaginar fãs de outros esportes. Eles enchem estádios, acompanham seus ídolos nas redes sociais, compram camisas de seus times e, no mínimo, assistem cada partida pela televisão. É claro que estamos falando do esporte que é paixão nacional, com transmissão dos jogos em canais abertos e uma quantidade obscena de dinheiro investida, então consideremos as devidas proporções.

É claro que o muaythai ainda é um esporte absolutamente menos divulgado e praticado no Brasil. A questão relevante aqui é: se você realmente ama um esporte, você não se contenta com uma aula comercial de uma hora de duração duas a três vezes por semana. Você tem que querer mais. E não apenas querer treinar mais, mas você vai querer o muaythai quando não estiver na academia.

Obviamente, existem aqueles praticantes que mal têm condições de adquirir nem o próprio equipamento, que por sinal não é nada barato. Mas se não é o seu caso e você realmente ama o muaythai, você vai assistir lutas, você vai acompanhar os grandes atletas do esporte o mais de perto possível e você vai buscar informação. Porque você não pode esperar que todo o aprendizado caiba dentro do tatame. Como você espera entender como se pontua uma luta se você não assistir a nenhuma? Se você não conhece os grandes atletas do esporte que você pratica, como você pretende se tornar você mesmo um grande atleta?

Mas principalmente, como você espera que o muaythai cresça se você não sair do conforto de seu sofá para assistir às lutas? A matemática deveria ser simples, mas a conta não fecha. O muaythai está cheio de admiradores do esporte, mas continuamos não tendo público expressivo.

É claro que em diversas localidades do Brasil ainda há poucos eventos, mas pelo menos na realidade da grande São Paulo, a desculpa do preço dos eventos não cola. Está aí a Feplam, com eventos regulares que custam a bagatela de dois quilos de alimentos. E mesmo eventos mais caros muitas vezes saem mais em conta que o ingresso para aquele jogo importante do seu time que você não deixou de ver.

Se os próprios praticantes do esporte não comparecem aos eventos, como você espera que empresas decidam investir? Afinal de contas, patrocinadores querem acima de tudo uma coisa: visibilidade. É claro que há as empresas que investem com o coração e realmente querem ajudar um atleta a conseguir viver de luta, mas estas são uma ínfima minoria, e a nossa realidade é bem diferente disso.

Tente imaginar a realidade de um atleta que pretenda viver única e exclusivamente do muaythai. Ele começa debaixo, lutando de graça ou em troca de porcentagem na venda de ingressos. Quando ele se torna profissional, ainda que o atleta consiga uma boa bolsa, quantas lutas por mês ele precisa fazer para se sustentar? Ele buscará, é claro, completar a renda dando aulas, mas ainda assim é preciso conciliar aulas, treino, descanso… E um atleta de ponta — de qualquer modalidade que seja — precisa de mais do que só treino, precisa de estrutura: acompanhamento médico, suplementação, equipamento… Tudo custa caro. E muitas vezes a bolsa ainda está atrelada à venda de ingressos (desconsidere a crítica, essa é a realidade do nosso esporte que não tem investimento). E mesmo sabendo que o atleta que treina com você todos os dias precisa da verba dos ingressos para completar a renda e se manter treinando, você consegue pensar em uma boa desculpa para não ir ao evento.

Se você realmente ama o muaythai, você vai buscar informações, vai querer treinar do jeito certo e passar o muaythai de verdade adiante. Você vai querer aproveitar os seminários que você tem a oportunidade de ir, absorver o conhecimento direto da fonte. Mas acima de tudo, se você realmente ama o muaythai como diz, você vai prestigiar os eventos, não só porque o esporte precisa de você para ser tão grande quanto você gostaria, mas porque é no ringue que o esporte está, é lá que os seus ídolos são descobertos, e é lá que a magia toda acontece!