OPINIÃO | Academia fechada? Por enquanto sim

O contágio por corona vírus acontece por vias aéreas com tosses, espirros e respiração ofegante. O vírus fica vagando e acaba sendo aspirado, ou se os perdigotos caírem em alguma mucosa.

Uma academia tem aparelhos, pesos, equipamentos, aparadores, suor. Como que alguém imagina que um ambiente fechado, com tudo isso junto – fora gritos, respingos de suor, socos – possa ser seguro nesse momento?

Queria muito que todos estivessem trabalhando, que as lutas não tivessem parado, mas não tem como eu defender a reabertura de academias no meio de uma pandemia. Por mais que alguns frequentadores tenham como se proteger, isso vai expor o lado mais fraco: os funcionários.

A recepcionista que mora do outro lado da cidade, o professor pegando ônibus, a faxineira. Todos ficarão o dia todo expostos ao fluxo de alunos. Isso pode ter consequências graves na propagação. Podemos ter alunos contaminados e ainda mais tempo nessa quarentena.

O sistema de saúde está quase no limite – Amazonas já lotou. Sistema funerário está correndo para contratar coveiros e carros. Segundo Thiago Dias, diretor do sistema funerário em São Paulo, foram convocados 220 coveiros temporários, 20 carros funerários e estão cogitando um cemitério vertical. 

“Ah mas todo mundo uma hora vai pegar isso” ou “se não voltar a economia vai quebrar” são alguns dos argumentos contra o isolamento.

Pode até ser que todos nós sejamos expostos ao vírus uma hora, mas não podemos deixar que todo mundo pegue covid-19 ao mesmo tempo. Tivemos exemplos suficiente do que pode acontecer. A maioria vai morrer não pela mortalidade da doença, mas pela falta de atendimento médico. 

A economia vai quebrar? A tendência é sim diminuir a atividade. Mas lembrem-se de que morto não trabalha, não compra, não consome, não paga academia ou personal. Seu parente não vai voltar depois que tudo isso passar, mas a economia uma hora se recupera.

Se nos cuidarmos, fizermos um esforço pelo isolamento por alguns meses, poderemos salvar muita gente. Claro que isso é para quem pode, porque para alguns a vida continua na mesma. Ontem fui à feira perto de casa e desisti de comprar, mesmo estando de máscara e álcool gel na mão. 

Tá chato ficar sem luta, sem treino, sem vídeos, sem trabalhar mas é hora de pensar um pouco no próximo. 

Mas se quiser sair por aí, sem máscara, como se nada tivesse acontecendo vai fundo. Acho mais inteligente escutar os especialistas que passaram 10, 20, 30 anos estudando o funcionamento de vírus e pandemias. Acho mais inteligente aprender com países que já passaram pelo problema.

Todos têm o direito de não gostar das medidas, de ficar puto em casa, mas duvido que alguém faça uma cirurgia cardíaca com um engenheiro, ou more num prédio construído por um advogado.  

Uma hora isso vai passar.

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