Universidade do Muaythai?

Universidade do Muaythai?

08/08/2019 1 Por Leo Monteiro

Colaboração Nathalia Viana

Em mais uma iniciativa polêmica, o criador do método de ensino online batizado de “visão padrão”, Alex Paraná cria a Universidade do Muaythai.

Buscando atender aqueles que não têm acesso a bons professores ou academias, principalmente no interior do país, Paraná chega com a força da internet para atacar um mercado carente de informações, mas vale lembrar que isso não é novidade. A Confederação Brasileira de Muay Thai, presidida por Arthur Mariano, lançou uma proposta parecida em 2017, a Faculdade CBMT. Com cursos presenciais, prometiam um diferencial na formação e elevação técnica a nível internacional.

Porém, Paraná partiu não apenas para uma faculdade, mas para uma universidade. Em busca de respaldo, Paraná se aliou a nomes nacionais para passar a devida credibilidade a um projeto dessa magnitude. Raoni Messore, de São Paulo, e Reni Fraga, de Sergipe, seriam responsáveis pelas aulas. Berg, de Goiás, passaria aulas de clinche, enquanto Rogerio Costa, de Sergipe, daria aulas sobre regras.

Em áudio que circulou pelos grupos de Whatsapp, Alex diz:

“Vão ser 2 anos de capacitação online, onde a gente vai estar acompanhando o treinamento 24h, a pessoa vai mandar vídeos, tirar dúvidas e tal. Concluído esses 2 anos, a pessoa vai fazer um curso presencial com cada um dos treinadores […], se ele passar, a gente vai assinar por ele, e nós vamos responder por ele para ele dar aula em qualquer lugar do mundo.

Existe o diploma de concretização [conclusão] de curso online, que não vale de nada, agora se o cara quiser dar aula, desenvolver um trabalho com conteúdo correto, seguindo todo o padrão tailandês […], ele precisa fazer o curso presencial […] e nós vamos avaliar e dar o aval para ele continuar o trabalho, você está entendendo? Não tem como dar erro” conclui Alex Paraná.

No Brasil, a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases para a educação nacional, define universidade como um conjunto de faculdades com autonomia que pode ser criado por projeto de lei ou por transformação de instituições de ensino pré-existentes que atendam as normas estabelecidas. O Art. 80 da mesma lei define que o ensino superior à distância (ead) deve ser oferecido por instituições especificamente credenciadas pela União, além de estabelecer parâmetros específicos de avaliação. Ressalta-se ainda que apenas as instituições credenciadas estão habilitadas a emitir diplomas com validade.

Entramos em contato primeiramente com Alex Paraná e perguntamos sobre os objetivos da universidade, como professores seriam formados em tão pouco tempo, quem regularia os diplomas, e qual a principal diferença entre a faculdade CBMT. Alex nos encaminhou uma carta (confira aqui) e optou por não responder nossos questionamentos.


“As respostas estão na carta, só mandei para você. Não posso responder nada diferente disso.”

Após alguns minutos, recebemos mensagens da conta do instagram @matriculaninja, identificado como Cleber Moreira, responsável pelo marketing da universidade da luta. Cleber respondeu alguns questionamentos evitados por Alex Paraná e explicou que o uso do termo “universidade” seria apenas marketing. Contudo, vale ressaltar que tal prática pode enquadrar-se como estelionato, conforme o artigo 171 do código penal.

“Obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.”

Por outro lado, Reni Fraga se dispôs a responder e mostra mais confiança no projeto que o próprio fundador, questionando, principalmente, quais seriam as causas da revolta, se por tratar-se de um curso online (o que não seria novidade), ou por usar o nome “universidade”.

“Em momento algum dissemos que o curso vai formar professores. Por isso não vejo como minha credibilidade possa ficar em jogo, tudo que estamos passando é de forma honesta. Não colocaria meu nome em algo que visse como errado. E se um dia sair dos meus princípios, pulo fora com certeza”.

Quando consultado, Berg também defendeu o método de ensino:

“Eu aprendi muito assim também, estudando on-line em vídeos no Youtube. Depois é que ia para a Tailândia, porque não tinha muita gente aqui para estar estudando e melhorando, então voltava também com muitas dúvidas e estudando ali e assistindo os vídeos ia clareando muita coisa. E hoje a realidade no Brasil […] é que a galera não fala inglês, e a maioria do material bom que tem na internet está tudo em inglês. E nesse trabalho que a gente está fazendo está tudo explicado da forma que a gente dá aula”.

Outro dos questionamentos foi quem emitiria e seria responsável pelos novos professores, se uma nova confederação, Ministério do Esporte, Ministério da Educação ou o CREF. Ficou claro pelo texto que não haverá nenhuma regulamentação.

O curso de 24 meses custará R$ 3.840 e oferecerá acesso às video-aulas, consultoria e, ao final do curso, o aluno receberá um certificado de conclusão.

Acompanhem @yoksutai